terça-feira, 19 de outubro de 2010

CAPÍTULO 1: INSERÇÃO DO ARTISTA E DE SEU ESTILO PESSOAL NA PINTURA.

Este capítulo é dedicado a compreensão e identificação da inclusão do autor e de seu ofício em sua obra pela trajetória da História da Arte - com foco sobre a Pintura - que puderam, de alguma maneira, influir sobre o cinema de temática metalingüística. Além disso, será abordada a necessidade/tendência da arte, principalmente aquela produzida no Ocidente, em se manter vinculada à noção de realidade como essência a ser retratada. Essa abordagem oferece uma contextualização histórica aos próximos capítulos, que tratarão da inclusão do estilo e das marcas pessoais do diretor nos filmes desde o nascimento do cinema.

É inevitável esquematizar o surgimento e o desenvolvimento do cinema e de seu específico sem deixar de traçar a transformação da imagem pelos tempos. Também parece imprescindível comentar a influência de elementos oriundos de outras produções artísticas que se incorporaram à plástica e à linguagem cinematográfica.

Não seria de se admirar se um “observador ingênuo e cientificamente desaparelhado”[1], ou seja, aquele que não se dedica aos estudos das artes visuais, identificasse parte do legado de outras artes que fundamentaram a imagem cinematográfica: o formato retangular da tela em relação aos limites do quadro na Pintura; a trilha musical como agente transformador da carga dramática de cena; a simulação de tramas análoga ao exercício do teatro, entre outras características.

Existe, desta maneira, a possibilidade de empregar a alcunha “Sétima Arte” ao cinema não só numa referência à cronologia do nascimento/criação das seis outras expressões artísticas – Música, Pintura e Desenho, Escultura, Dança, Literatura e Teatro -, mas também como um estágio de evolução das artes, de mãos dadas com o avanço tecnológico, que culminou numa manifestação cultural considerada muitas vezes como a de maior verossimilhança, por unir a representação do mundo tal qual ele se parece ao olhar humano à idéia de movimento e síntese do tempo.

É comum estabelecer uma tríade artística conectada à composição da imagem como a compreendemos atualmente: Pintura, Fotografia e Cinema educaram (ou adestraram?) nosso olhar para que fossem realizadas interpretações de maneira a nos localizarmos dentro de nosso meio, ou seja, existe um modo comum à coletividade de se fazer a leitura de imagens.

As similaridades entre a imagem fotográfica e a cinematográfica são evidentes, uma vez que têm a mesma origem técnica: o Cinema é a reprodução mecânica e seqüencial de fotografias contíguas. Assim, optou-se, neste trabalho, em aproximar a Pintura e o Cinema pelo fato de a primeira ter sido a arte visual de maior popularidade, alcance, com desenvolvimento e prática maciços por muitos séculos que antecederam a origem do cinema, além de ser rico o material a ser pesquisado e acessado sobre essa manifestação artística, que acompanhou tão intimamente a evolução da imagem.

(continua)

[1] FISCHER, 1987, p.­­­­ 135.

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